domingo, 29 de novembro de 2015

Pílulas Janísticas — 2

Compilação de publicações da página da biografia de Jânio Quadros no Facebook

JÂNIO E SAMUEL WAINER


Amigos ocasionais, Jânio - deputado federal e candidato à presidência - e Samuel tomam um cafézinho e proseiam sobre o Brasil na visita do mato-grossense à "Última Hora", em fevereiro de 1959. (30/05/2014)

(Imagem do Arquivo Público do Estado de São Paulo) 

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JÂNIO E GOLIAS


Ao contrário de tantos políticos biliosos, vingativos e sem humor que vemos por aí, Jânio tinha espírito esportivo e compreendia o fato de ser um alvo fácil para os imitadores e os humoristas da época. Quando a imitação vinha com talento e qualidade, Jânio se divertia como qualquer pessoa. E assim começou sua amizade com o saudoso Ronald Golias.

No site oficial de Golias vemos um texto que fala sobre essa ligação tão inusitada quanto verdadeira:

"Antes de ser presidente da república em 1961, Jânio havia sido prefeito de São Paulo em 1953 e governador da mesma em 1955. Em 1958, Jânio resolve fazer uma campanha para seu Secretário da Fazenda dar continuidade ao governo em 1959. Embora Carvalho Pinto fosse um homem muito culto, não era popular e conhecido. Victor Costa já havia, nesta época, comprado a TV Paulista e Ângela Maria já ia começar um programa semanal. Até então Manoel de Nóbrega, Carlos Alberto e Golias não haviam feito nada na televisão. Victor pergunta se Golias podia fazer um quadro de humor no programa da Ângela Maria que ia estrear, pois sua imitação de Jânio Quadros era perfeita. Carlos Alberto resolve escrever ao Golias um quadro de pergunta e resposta com a imitação de Jânio Quadros.

Foi um grande sucesso. Jânio Quadros gostou tanto, que pediu ao Victor Costa que toda semana Golias o imitasse, e depois o governador contratou Golias, Carlos Alberto de Nóbrega e Chocolate para ir ao ABC Paulista com um pick-up na porta das fábricas para distribuir pintinhos, pois a campanha do Carvalho Pinto era pintinhos que colocava na lapela do paletó. Naquela ocasião, todos estavam proibidos de falar em política, apenas fazer o show e distribuir os pintinhos. A campanha durou 2 meses e foi um sucesso absoluto. Golias e Carlos Alberto ganharam em 2 meses muito mais dinheiro do que em 2 anos de rádio e televisão".

A amizade seguiu pela vida afora. No velório de Jânio, na Assembléia Legislativa, em meio a políticos, o governador e o presidente, estava o bom Golias, prestando sua homenagem final.

http://www.ronaldgolias.com.br/janio.htm (02/06/2014)

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JÂNIO E A FAMÍLIA MESQUITA


Essa capa do Jornal da Tarde (irmão caçula do Estadão) que anunciava a vitória de Jânio nas eleições de 1985 dá bem a medida do intenso desprezo que os Mesquitas nutriam pelo ex-presidente. Não era pra menos; nem na mocidade o ponto de vista de Jânio se coadunou com o do Estadão. Apoiou José Américo e não Armando de Salles até que o Estado Novo acabou com a possibilidade desse pleito ocorrer, em 37.

Em 45 e 50 apoiou Eduardo Gomes mais pelo respeito ao veterano de 22 do que pela UDN; em 53 derrotou Francisco Cardozo e em 54 derrotou Prestes Maia, ambos candidatos da UDN; em 55 repetiu-se uma atitude que marcava Jânio: ele apoiava PESSOAS, e não partidos. Apoiou Juarez pelo respeito ao velho tenente e sequer tomou conhecimento do partido. Em 57, mesma coisa, apoiou Prestes Maia porque o admirava como político e administrador e passou ao largo de sua filiação partidária.

Em 60 Jânio se elegeu presidente por uma coligação que incluía a UDN. Depois da posse, não fez outra coisa do que flertar com o socialismo, indignando os reaças da União Democrática Nacional, mormente Carlos Lacerda.

O golpe de 64 acabou com os partidos. Mas não com o desprezo dos Mesquitas por Jânio. Esse só aumentou. (09/06/2014)

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JÂNIO E LACERDA


Charge de Théo, dezembro de 1953.

Jânio e Lacerda acabavam de se conhecer e de identificar propósitos semelhantes de combate à corrupção. A vassoura encontrava o arauto da oposição.

Mais do que uma amizade - o que nunca foi, de fato - trata-se de uma associação política que tinha tudo para dar certo. Bastava que ambos fossem um pouco menos emocionais, menos sangüíneos, e um pouquinho mais equilibrados. (17/06/2014)

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JQ E JK


Na foto, provavelmente de 1958, dando autógrafos. Entre Jânio e Juscelino está o General Nelson de Mello, chefe do Gabinete Militar de JK, e à direita o jornalista Carlos Spera.

Relação complicada. Tiveram associação produtiva e operosa como presidente e governador, mas Jânio condenou os excessos de seu antecessor quando tomou posse na presidência. Magoou JK. Anos depois, ambos cassados, se reencontraram algumas vezes. Jânio afirmou publicamente que estava arrependido do que dissera e, mais do que isso, arrependeu-se para o próprio JK.

Se JK relevou, nunca saberemos. Provavelmente não. Em entrevistas não citava Jânio nem para o bem, nem para o mal. No automóvel em que morreu, tinha consigo a Manchete com Jânio na capa, falando da renúncia 15 anos depois. (25/06/2014)

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CARVALHO PINTO PARA GOVERNADOR


As campanhas estaduais de 2014 são de dar vergonha e nojo. Candidatos medíocres, de bolso de colete, fugindo da polícia, cassados por corrupção, condenados em primeira instância, pegos em video roubando e corrompendo... esse é o Brasil. E esse é o povo que os elege diretamente.

Em 1958 Jânio lançou a candidatura de seu secretário da Fazenda, Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto - neto de Rodrigues Alves - para sucedê-lo nos Campos Elíseos.

CP era uma negação como político de palanque; não empolgava, não tinha empatia com o povo, não era bom orador. Mas era um grande administrador, um homem brilhante de finanças e um advogado cultivado e competente. E no palanque ele tinha Jânio para promovê-lo entre a população paulista. Foi o suficiente para elegê-lo.

Governou de 1959 a 1963. (07/07/2014)

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PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO
(26/7/1930 - 08/07/2014)


Coincidência dolorosa que o último post desta página tenha sido sobre Carvalho Pinto, e ontem faleceu o coordenador de seu Plano de Ação no governo de São Paulo, Plínio Soares de Arruda Sampaio, aos 84 anos.

Tive o prazer imenso de entrevistar Plínio em sua casa há alguns anos para o livro de Jânio e foi uma das prosas mais deliciosas que já tive. Falamos de seu pai, João Batista de Arruda Sampaio, Secretário da Segurança de Jânio e que possuía o mimoso apelido de "João Faca", falamos de CP, de JB, de Portugal Gouveia, de Abreu Sodré, do Largo São Francisco, de sua frustrada candidatura à prefeitura de São Paulo em 1961, Reforma Agrária e de tudo o que veio depois.

Escreverei mais sobre Plínio em breve. Na foto, o político quando jovem, com CP e com este biógrafo. (09/07/2014)

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JÂNIO E NIEMEYER


Nunca fui admirador das obras de Niemeyer. Conheço Brasília e mais um punhado de trabalhos seus no Rio e São Paulo, e, com raras exceções, faço coro com a acusação fundamental que ele sofreu por toda a vida: a de alguém que criava pensando na forma, em detrimento ao conteúdo. Por fora, obras futurísticas, estilosas, extraordinárias. Por dentro, uma calamidade de cimento, sem ventilação e funcionalidade. É, inclusive, emblemático que na mesma semana tenhamos perdido também o brilhante Décio Pignatari (este em 2/12/2012 e Niemeyer em 5/12/2012), outro a quem sempre admirei pela inteligência, pela lucidez e pelo senso crítico, e não por aquela baboseira que é o concretismo. Mas o curioso está no fato de que vem de Pignatari a melhor e mais irônica definição que já ouvi de Oscar: "É o maior escultor do Brasil". Não obstante, tanto Oscar quanto Décio são pilares da nossa cultura e merecem ser cultuados, estudados e lembrados pela devoção à arte, a sensibilidade e o amor pelo nosso país.

Na foto, Jânio e Eloá ao lado de Oscar em - creio - 1987. A discussão era a respeito da elaboração e construção do Paço Municipal, projeto que já vem sendo discutido há quase um século e que nunca saiu do papel. Assim como todos os marxistas-leninistas puros e sem amarras políticas - o que não era o caso de Prestes, em quem sobrava boa intenção mas transbordava a desorientação política e programática, levando-o ao disparate de mobilizar o partidão a votar em Lott na eleição de 1960 - Oscar gostava de Jânio e acreditava de todo o coração que a renúncia fora, de fato, motivada pela pressão reacionária ao governo progressista que vinha realizando. Era também o que pensavam ícones do comunismo como Jorge Amado e Leôncio Basbaum. O tempo se encarregaria de mostrar sobejamente o quanto estavam enganados, mas, teimosos como eram, os comunistas de boa cepa não desavieram-se jamais com Jânio. (15/07/2014)

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CONDECORAÇÃO DE CHE GUEVARA


Em 19 de agosto de 1961, seis dias antes de renunciar, Jânio condecora Che Guevara, ministro da Indústria e Comércio de Cuba, com a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul.

Diria Jânio sobre o assunto ao Globo Repórter, 20 anos depois:

"Eu me envaideço dessa condecoração. Em primeiro lugar condecorei um homem límpido, examinemos o homem, um homem límpido. Um homem honrado, um sonhador, Dom Quixote das Américas. Acabou morto como vimos, como um cão, na Bolívia. (...) Condecorei Guevara e verifiquei que a meu derredor, filha da incompreensão, havia uma adversão que tocava as raias do ódio pessoal. Havia condecorado ‘uma expressão do comunismo internacional’. Isso para mim era indiferente". (20/08/2014)

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JÂNIO E A VASSOURA

"Eu não acredito que a vassoura esteja fora de moda. Se há país que está precisando de uma vassourada é este!"

No "Pinga-Fogo" da TV Tupi, em 15 de maio de 1979, Jânio responde à pergunta do jornalista Almir Guimarães, que comandava o programa, e dá uma aula de política, tão atual, passados 35 anos.

Divirtam-se. (27/08/2014)

 


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Bilhete de Jânio, quando presidente, a seu secretário particular, José Aparecido:


"Aparecido,
Leio a um jornal que o Ministério está em crise...
Veja se a localiza para mim.
Leio, também, que recebi, da Fazenda, um bilhete "enérgico"!
Desminta. O Ministro é educado, bastante, para não escrevê-lo ao Presidente.
E o Presidente não é educado, bastante, para receber tal bilhete..." (08/09/2014)

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ROBERTO FREIRE, "A ESQUERDA SEM DOGMA"


























Meus caros, ontem estive com meu irmão Alexandre no lançamento do livro "A Esquerda sem Dogma", que conta a trajetória política de Roberto Freire.

Freire é uma das poucas figuras realmente admiráveis de nossa política. Nem sempre concordei com ele, por vezes estive em campo diametralmente oposto ao dele, mas sua honestidade medular e seu amor incondicional pelo Brasil são inegáveis.

É motivo de orgulho, também, para nós e para ele, a coragem com que acusou o processo de apodrecimento moral de Lula e do PT, passando a pregar a união das oposições em torno de um objetivo comum: tirar essa camarilha do poder.

Que bom que ainda temos políticos com a inteligência e a envergadura moral de Roberto Freire. (08/08/2014)

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O grande vencedor da eleição estadual de 3 de outubro! (de 1954) (30/10/2014)

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RELEMBRANDO TUTU


A foto é de 1958, durante a campanha de Carvalho Pinto à sucessão de Jânio no governo do estado. O jornalista Ruy Marcucci, ligado a CP, não se furtou de nomear Tutu, lindíssima, aos 15 anos, de "musa da campanha". (06/11/2014)

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Jânio em pose napoleônica, Magalhães Pinto (Zé Aparecido entre eles) e o bom Quintanilha Ribeiro. Provavelmente durante a campanha presidencial, em 1960. (23/11/2014)

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MONIZ BANDEIRA


Primeiro biógrafo de Jango, e um dos poucos que se aferrou á versão primitiva de que Jango morreu de enfarte, mesmo, descartando qualquer possibilidade de envenenamento, o historiador e cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira participou da comitiva que esteve com Jânio em Cuba, em 1960.

Depois da renúncia ele escreveu "O 24 de agosto de Jânio Quadros" (1961) e quinze anos depois refundiu-o com outros textos em "A Renúncia de Jânio Quadros e a Crise Pré-64". São livros interessantes. Trazem o relato de Bandeira no calor do momento, e ainda não vinham eivados do marxismo encarniçado que ele passou a professar com o tempo, e que comprometem boa parte de sua extensa obra.

Morto Jango, Bandeira preparou-se para lançar o que viria ser o livro "O Governo João Goulart - As Lutas Sociais no Brasil (1961-1964)". Solicitou a Jânio um depoimento. Jânio o enrolou durante semanas por conta de uma exposição de suas pinturas. Bandeira se abespinhou e cortou relações.

Na época da foto com apenas 25 anos, Bandeira está hoje com 79. (04/12/2014)

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JÂNIO E YURI GAGARIN


Em 3 de agosto de 1961 Jânio condecorou o astronauta russo com a Ordem do Cruzeiro do Sul - mesma comenda que deu a Che Guevara 15 dias depois.

"Na ocasião foi condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul pelo presidente Jânio Quadros com as palavras “você abriu para a humanidade a ilimitada esfera do conhecimento...”. Ao partir, Gagarin levou entre as lembranças de sua visita um beijo da bela brasileira Sonja Gracie. Sua visita deixou em muitos brasileiros o desejo de seguir seus passos". (23/02/2015)

http://brazilianspace.blogspot.com.br/2011/07/cinquenta-anos-no-espaco-lembrancas-do.html

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1954, a bordo do COMTE GRANDE, Jânio, Eloá e a menina Dirce,
a caminho da Europa. (26/02/2015)

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O TÉDIO DA CAMPANHA DE 1982


Retratado com maestria por Madalena Schwartz (28/02/2015)

Fonte: www.ims.com.br

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1ª REUNIÃO DE GOVERNADORES - 24/3/1961


Da esquerda para direita: governador do Paraná, o bom Ney Braga, amigo de infância de Jânio e colega de peraltices no draconiano Ginásio Paranaense;

Governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que se aproximou de Jânio cheio de desconfiança, e com quem acabou se dando muito bem, realizando notável trabalho conjunto, naqueles curtos sete meses;

O vice-presidente Jango, cujo fato de ser cunhado de Brizola em nada contribuiu para mudar sua relação com o presidente, que foi sempre da indiferença à hostilidade; e o velho Celso Ramos, governador de Santa Catarina. (02/04/2015)

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JÂNIO CORINTHIANO


Até chorar pelo Corinthians ele chorou, em comício. Se estava sendo sincero, ou se tudo não passava de manobra eleitoral, só Deus sabe. (25/04/2015)

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Início de 1957. Bate-papo divertidíssimo entre Jânio, governador de São Paulo, e Adhemar de Barros, que acabava de voltar de sua aventura boliviana, para onde fugira a fim de evitar uma prisão vexatória por uma série de processos. E estava em plena campanha para prefeito da Capital.


Eleito, Adhemar fez uma viagem para os Estados Unidos. Governador e prefeito trocaram correspondências em que sobram farpas para todos os lados. Impagável.


Publicado na revista "O Governador" em 14/2/57 e 04/04/57
(06/05/2015)
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Jânio - Vida e Morte do Homem da Renúncia
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Bernardo Schmidt
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