domingo, 29 de novembro de 2015

Pílulas Janísticas — 1

Compilação de publicações da página da biografia de Jânio Quadros no Facebook


VIDA DO LINCOLN DE CAMPO GRANDE


Não tanto uma biografia, mas talvez o primeiro livro escrito sobre Jânio. O que se chamava antigamente de "opúsculo". Para descer-lhe o sarrafo, já que na ordem do dia estava a eleição para governador (1954), e Jânio pretendia pular da prefeitura - onde estava há menos de um ano - para o governo.

O título faz zombaria com a já conhecida fascinação de Jânio com Lincoln e critica as alianças do mato-grossense, que vinha da campanha do "tostão contra o milhão" mas andava em lua-de-mel com políticos e empresários riquíssimos, como Auro Moura Andrade e Olavo Fontoura.

Se parasse no primeiro sub-título estaria perfeito, mas no segundo o autor - desconhecido - tropeça no mais baixo dos preconceitos, quando diz: "A Lincoln a história atribuiu por emblema um machado, instrumento de trabalho viril. O Lincoln de Campo Grande preferiu uma vassourinha, utensílio das empregadas domésticas. A diferença de instrumento exprime a diferença de caráter"...

Desnecessário dizer que Jânio venceu a eleição. Com o apoio da burguesia e do proletariado. Das domésticas e de seus patrões. (14/3/2014)

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SENNA E JÂNIO


Quem diria que este encontro realmente ocorreu? Não há especificação de data, mas imagino que tenha sido alguma comemoração do primeiro campeonato mundial de Ayrton, após a vitória no GP de Suzuka, em outubro de 1988.

Jânio deixaria a prefeitura pouco depois. Mas houve tempo para que duas figuras tão intensamente diferentes se encontrassem e fossem fotografados juntos por Vidal Cavalcanti, da Folha. (15/3/2014)

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JK, JQ, ULYSSES E... IVETE


Foto divertida do acervo do Globo mostra reunião política de 1957 ou 58, que uniu no mesmo palanque JK (com expressão hilária) presidente, Jânio governador e o bom Ulysses, na época deputado federal, ao microfone.

A curiosidade é que entre JK e JQ está Ivete Vargas, que na juventude era linda e que - dizem os coevos - foi cacho de ambos. Com Jânio a coisa era rápida e superficial. Por JK, entretanto, dizem que a sobrinha de Getúlio se apaixonou perdidamente. (16/3/2014)

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JÂNIO E CÂNDIDO RONDON


Exercendo o governo de São Paulo havia poucos meses, Jânio recebeu Rondon para uma homenagem. Co-estaduanos, tiveram um encontro emocionante do qual Jânio jamais se esqueceria, mesmo décadas depois da morte do grande marechal, ocorrida três anos após o encontro. A foto de Rondon tinha destaque especial no escritório do ex-presidente.

Disse-me um amigo que Jânio, no primeiro ano de sua vida, viveu na esquina da Rua Cândido Rondon com a Rua Pedro Celestino. Nunca pude confirmar a informação, mas vale registrar que a Rua 14 de julho, onde Jânio nasceu, tem esquina com a Rua Cândido Rondon. (17/3/2014)

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1954 - CAMPANHA PARA O GOVERNO


Pouco mais de um ano depois de vencer a eleição para prefeito, Jânio se candidatou ao governo. Seus adversários era Adhemar, Prestes Maia - com chances de vitória - e Toledo Piza na lanterna.

Nessa curiosa charge divulgada pela própria campanha de Jânio, os candidatos estão em uma corrida e Prestes Maia aparece agarrado ao pé do prefeito-candidato. E a razão é que os eleitores de Maia não desgostavam de Jânio mas também não achavam justo que ele usasse a prefeitura como trampolim para o governo. Viviam fazendo apelos aos eleitores de Jânio para que elegessem Maia governador e contassem com dois bons políticos no executivo: Maia no governo e Jânio na prefeitura.

Não houve acordo. Jânio foi eleito e Maia se elegeu prefeito em 1961. (18/3/2014)

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JÂNIO E PRESTES MAIA


Quando Jânio deixou a prefeitura, em 1954, levou o vice e deixou o cargo nas mãos do presidente da Câmara, William Salém. Convocada nova eleição, já que Jânio não chegara nem à metade de seu mandato, saiu vitorioso o adhemarista Lino de Mattos. Só que Lino era senador e a justiça eleitoral o obrigou a decidir entre um cargo ou outro. Lino não titubeou: ficou com senado, o que nos dá uma interessante dimensão do pouco valor dado ao cargo de prefeito. Subiu à prefeitura o seu vice, Wladimir Toledo Piza.

Terminado o mandato de Piza, os candidatos se apresentaram para a eleição de 1957: Adhemar (como sempre), Prestes Maia e Pedroso Horta, este em candidatura simbólica. Jânio, em gesto não habitual, visto que foram efetivamente poucas as vezes em que se envolveu em campanhas que não fossem suas, vestiu a camisa de Prestes Maia. Correu com ele o município e - contava o saudoso Farabulini Jr. - chegou a deixar um cartaz nos Campos Elíseos dizendo "Saio para enfrentar o cachorro", referindo-se a Adhemar.

Não houve prestígio janista que tirasse essa eleição de Adhemar, que venceu mas foi obrigado a governar, ele na prefeitura, Jânio no governo, pelos três anos seguintes. (18/3/2014)

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JÂNIO E ULYSSES


“Ele literato e eu poeta”, diria Jânio sobre Ulysses na década de 80, lembrando o fato de terem sido contemporâneos no Largo São Francisco. “Ele escritor, analisando teses jurídicas e eu decantando Gonçalves Dias”.

“Ulysses era um orador espontâneo, que podia discorrer sobre os mais variados assuntos”, segundo Octavio Augusto Machado de Barros, colega de Jânio, “e às vezes viajava conosco na qualidade de orador”. (Jânio, vol.I, pgs 140-141) (21/03/2014)

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JÂNIO E O 22 DE MARÇO


Em 22 de março de 1953 Jânio venceu a eleição do "tostão contra o milhão", derrotando o candidato oficial - apoiado por uma coligação de doze partidos - e tornando-se o primeiro prefeito eleito pelo voto direto desde a eleição de Pires do Rio, em 1928.

A eleição recebeu esse nome pela campanha de Jânio ter sido supostamente franciscana. Com o tempo se viu que não era bem assim. Ele evidentemente não contava nem com um décimo da máquina estatal ou de imprensa que trabalhava de sol a sol para eleger o pouquíssimo conhecido Francisco Antônio Cardoso. Mas tinha alguns financiadores de peso, como Olavo Fontoura e Toledo Piza, e ainda recebeu um dinheirinho por fora dado por Adhemar, que estava brigado com Lucas Garcez e não aprovava o nome de Cardoso.

Há quem diga que Getúlio também contribuiu para a vitória de Jânio, que trazia um getulista de carteirinha, Porphyrio da Paz, na candidatura a vice. Pode ser.

É data festiva para o janismo, há uma escola em São Paulo com esse nome, e Jânio para sempre se referiu a essa vitória como um dos grandes momentos de sua vida.

Acima, a capa de "O Malho" dois meses após a eleição. Já estava claro para o grande cartunista Théo (Djalma Pires Ferreira - baiano que veio cedo para o Rio e se tornou um dos maiores chargistas e caricaturistas do Brasil. Um verdadeiro gênio do desenho), que Jânio trabalhava com o populismo e o carisma, na época utilizados à larga por Vargas e Adhemar. (22/3/2014)

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JÂNIO E JK


Quanta verdade nessa charge de Appe (outubro de 1960)... se no Brasil está na moda os bandidos serem absolvidos em plena realização e efervescência de seus delitos, pior ainda quando se passaram décadas de sua morte.

JK está hoje, por N razões, envolto numa névoa de simpatia e saudade. Mas quem teve que pagar pelo açodamento, pela vaidade mórbida, pela corrupção desenfreada, pelo bizarro espetáculo de auto-promoção, pelo delírio megalomaníaco, enfim, pela rematada e absoluta estupidez de se construir em cinco anos uma cidade que deveria ter levado pelo menos quinze, não tem essa simpatia toda. (31/3/2014)

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JG, JQ e JK



Tanto se tem falado sobre os 50 anos do golpe de 64... aqui não entraremos em considerações de nenhum tipo sobre o assunto, a não ser para relembrar que os três JOTAS de nossa política foram cassados já em 1964.

Jango se exilou no Uruguai. JK tentou a Frente Ampla com Carlos Lacerda e Jânio acabou confinado por quatro meses em Corumbá, em 68.

Jânio e JK se encontraram algumas vezes na década de 70. A Manchete com Jânio na capa falando sobre os quinze anos da renúncia foi a revista que JK lia quando sofreu o acidente de automóvel que o levou à morte, em 1976.

Na foto, os três JOTAS na posse de Jânio na presidência. (08/04/2014)

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JÂNIO E TANCREDO


Hoje, pelo que vi, comemora-se o trigésimo aniversário do comício pelas Diretas Já no Rio, em frente à Candelária. Nada posso publicar sobre o assunto, porque a participação de Jânio nesse processo foi nenhuma. Matutando e meditando a melhor forma de agir dentro do episódio histórico, ele ficou indeciso durante tempo demais e perdeu o bonde das Diretas. Um grande equívoco. Sua ausência nas fotos que juntam Ulysses, Tancredo, Montoro, FHC e todos os líderes da resistência democrática é, como ele próprio diria, "nódoa" em sua história.

Para que a data não passe em branco publico esta foto de Jânio e Tancredo no Guarujá, em 1981, quando ainda se discutia a possível fusão do PP de Tancredo com o PTB de Jânio e Ivete Vargas. (10/04/2014)

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JÂNIO E OS CÃES


Não, não os cães com quem ele conviveu durante toda sua vida pública, mas os cães, mesmo, ou, como ele dizia, "nossos irmãos de reino".

Curioso que o assunto esteja tão em voga hoje. Nunca houve político que amasse mais os cães, sobretudo os vira-latas, do que Jânio. Desde a juventude. Amava-os, admirava-os, viveu cercado deles. (11/04/2014)

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JÂNIO E COVAS


Charge sobre a orientação janista de Mário Covas em sua candidatura
a prefeito de Santos em 1961

Neste 21 de abril Mário Covas faria 84 anos. Poucas pessoas sabem que foi Jânio quem o levou para a política. Conta Clóvis Rossi: "Foi Jânio, aliás, quem puxou Covas, então engenheiro da Prefeitura de Santos, para a política. Necessitava de uma jovem e promissora liderança e encontrou-a em Covas, a quem Saulo Ramos, fiel escudeiro do então presidente, convenceu a disputar a Prefeitura. Perdeu".

A admiração prosseguiu. Quando Jânio foi confinado pelo governo Costa e Silva, um dos deputados que estava no Guarujá junto ao ex-presidente no momento de sua prisão era Mário Covas. No futuro os dois terçariam armas algumas vezes, já adversários. Mas disso falarei em outro momento.

Na foto vemos reunião política em Santos, provavelmente em 1962, na qual reconhecemos em pé Esmeraldo Tarquínio e José Alves Parada (presidente do Clube Atlético Vila Henedina) e sentados um primeiro à esquerda que não reconheço, Mário Covas, Jânio, Faria Lima e Paulo de Tarso Santos. (21/04/2014)

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JÂNIO E SHAKESPEARE


Como deixar o mais shakespeariano de nossos presidentes de fora, no dia em que se comemoram os 450 anos de William Shakespeare? Aquele que citou Hamlet em seu discurso de paraninfo para os alunos do Dante?

"Com dez anos de idade ele me pôs nos ombros e me levou para Stratford Upon Avon, me mostrando o que era o gênio de Shakespeare", conta Tutu. Na foto, Jânio e Edwin Booth, este no papel de Hamlet. (23/04/2014)

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Jânio em pose mefistofélica (c.1960) (26/04/2014)




























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Na segunda prefeitura, procurando a São Paulo de sua juventude. (30/04/2014)

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1º de maio. Feriado... (30/04/2014)

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JÂNIO E O FUTEBOL


Jânio não dava a mínima para o futebol. Não foi um bom esportista na juventude (e nem em qualquer outra época) e não torcia para time nenhum. Anos depois de ingressar na política inventou que era um corintiano fanático, mas quem o conhecia sabia que isso não passava de conversa.

Sem querer via-se envolvido em questões futebolísticas; em 49 esteve no olho do furacão do famigerado projeto dos esportes, que pretendeu transformar parte do parque do Ibirapuera em um aglomerado de estádios; no ano seguinte ainda ocupava o cargo de vereador na copa brasileira de 50; em 53 e 54 seu companheiro de chapa foi Porphyrio da Paz, figura de proa do SPFC, do qual era fundador; e na foto, de 1960, recebe uma comissão de jogadores e profissionais do esporte que inclui Gersio Passadore, Belini, Djalma Santos, Gilmar Neves, João Havelange e o deputado Mendonça Falcão. (03/05/2014)

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ADHEMAR, NOVELLI E PAULO LAURO


Eis os políticos que Jânio encontrou em São Paulo quando se elegeu vereador, em fins de 1947: à esquerda, o "Leão de São Manoel" (embora nascido em Piracicaba), Adhemar de Barros, que voltava ao governo pelo voto direto depois de uma malfadada passagem pela Interventoria. No centro, seu vice, o ituano Novelli Jr., eleito pelo prestígio de seu sogro, o presidente da República Eurico Gaspar Dutra. E à direita, o prefeito nomeado por Adhemar para governar a capital (que ficou sem autonomia para eleger seu prefeito de 1928 a 1953): Paulo Lauro, advogado de Descalvado e primeiro prefeito negro de São Paulo.

O Volume II de "JÂNIO - VIDA E MORTE DO HOMEM DA RENÚNCIA" vem aí... (06/05/2014)

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JÂNIO E LACERDA


O corvo e a vassoura... começaram se amando, depois se odiaram, depois se amaram de novo, depois se odiaram, depois quase voltaram a se amar de novo...

Jânio diria, em 1982: "Na verdade foi ele quem provocou o 25 de agosto"... (20/05/2014)

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JÂNIO E ADHEMAR HÁ 60 ANOS


A eleição para o governo de São Paulo em 1954. Adhemar queria voltar para seu terceiro mandato, depois de brigar com seu pupilo Lucas Garcez. Jânio acabava de chegar à prefeitura mas percebeu que seu cacife eleitoral o levaria mais longe.

Por fora corria Prestes Maia e na lanterna vinha o ressentido Toledo Piza, que brigara com Jânio.

Jânio venceu.

ISSO foi uma eleição. (22/05/2014)

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JÂNIO, TIME E FATOS & FOTOS


Jânio não foi o primeiro político brasileiro a estampar a capa da Time. Antes dele vieram Júlio Prestes, Vargas, Café Filho, JK e até Oswaldo Aranha.

Mas a capa de Jânio, de 30 de junho de 1961, parece ser a mais conhecida e lembrada. A revista contratou Cândido Portinari, que pintou o retrato do então presidente a partir de uma famosa foto. A mesma que dois meses depois estampou a Fatos e Fotos que noticiou a renúncia de Jânio. (24/05/2014)

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DONA CLARICE


Clarice Quadros Dalledonne é prima de Jânio em primeiro grau, filha do irmão de Gabriel, Miguel Quadros, e irmã de meu querido e saudoso Seu Glaucus. O filho de seu Glaucus, Miguel, presenteou a tia com um exemplar do livro sobre Jânio, no qual ela figura como personagem, participante que foi, assim como Glaucus e seu irmão mais velho, Jacyr, de tantos episódios na vida do primo. E fez comentários repassados em generosidade que muito me orgulham, e me fazem admirar ainda mais essa testemunha ocular de tantos fatos importantes de nossa história:

"Recebi na quinta feira 28.mar.2013, a visita dos meus sobrinhos Miguel Quadros Neto e esposa, que presentearam a mim e ao meu caçula Fernando Quadros Dalledonne, com exemplares da biografia oficial do meu primo Jânio Quadros, ex Presidente da República. Um trabalho riquíssimo em informações fiéis à história, elaborado pelo pesquisador e historiador Bernardo Schmidt. Agradeço a todos vocês de coração. Um beijão".

"Estou relembrando as passagens da vida do meu primo Jânio, muitas delas vivenciadas por também por mim. Uma leitura que é a verdadeira "máquina do tempo". Obrigado ao Historiador Bernardo Schmidt pelo excelente trabalho, e ao meu sobrinho Miguel Quadros Neto por ter me presenteado com um exemplar com dedicatória escrita pelo autor. Já está catalogada no setor das obras especiais da minha biblioteca".

"Muito prezado Bernardo Schmidt, foi ótima a sua entrevista na edição de ontem do Programa do Jô por conta do livro sobre a trajetória do meu primo e ex Presidente da República, Jânio Quadros. Tive a honra e orgulho de acompanhá-la com o meu exemplar em mãos, a mim presenteado pelos meus queridos sobrinhos Miguel Quadros Neto e esposa, dedicado e autografado por você. Dei boas risadas com as histórias que vocês contaram. Fiquei agradecida também sobre a forma carinhosa ao narrar as experiências e dificuldades vividas pelo meu saudoso tio Gabriel e o seu consultório médico localizado na "zona nobre" de São Paulo. Vou aguardar com ansiedade as próximas publicações das suas pesquisas. Desejo-lhe muita saúde e paz. Bjs".

Dona Clarice, mais uma vez lhe agradeço a gentileza e a generosidade com as quais a senhora sempre me distingue. Falei do Gabriel mas gostaria de ter falado muito mais, sobretudo do bom Miguel, seu pai, e de tantas outras coisas. Mas haverá oportunidade, se Deus quiser. E nos veremos em breve quando for à Curitiba. Um grande beijo.

"Que bom que você tem planos de vir à Curitiba. Será um prazer recebê-lo. Assim terei a oportunidade de manifestar pessoalmente a minha admiração pelo seu excelente trabalho".
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Jânio - Vida e Morte do Homem da Renúncia
Vol I: "Um Moço Bem Velhinho"
Bernardo Schmidt
Editora O Patativa
350 pgs ilustradas
R$ 30,00 (Frete incluso para todo o Brasil)

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