sexta-feira, 14 de junho de 2013

Jô Soares entrevista Bernardo Schmidt sobre Jânio Quadros


Terça-feira, 4 de junho de 2013. Um dia como vários que tenho vivido, inesquecíveis, desde o lançamento do primeiro volume de minha biografia de Jânio Quadros. Desta vez me tocou roçar ombros com Jô Soares em seu programa de entrevistas que já vai entrando de rijo pela segunda década sem sinais de fadiga. Jô, que assisto desde o Planeta dos Homens, apresentado por ele na década de 70 junto a Paulo Silvino, Miele e Agildo Ribeiro, esse mesmo Agildo maravilhoso que por conta de seu imensurável talento — e a arrepiante e impagável história do biliquê — acabou tornando-se, com a maior justiça, o grande homenageado de nossa conversa.

Jô, cujo Viva o Gordo assisti religiosamente todas as segundas por anos a fio, aprendendo ali (e com Chico Anysio, evidentemente) quem eram esses titãs do humor teatral e televisivo que a memória brasileira cruelmente esqueceu, como Milton Carneiro, Luiz Delfino, Henriqueta Brieba, Paulo Celestino, Ema D’Ávilla...

Jô, no dia 4 de junho
Assisti várias vezes a gravação do extinto Jô Soares Onze e Meia, nos estúdios que o SBT mantinha no Sumaré. Lá pude ver o gordo entrevistando personagens tão díspares como Fernando Henrique, Guilherme Arantes, o Ira, Florinda Bulcão, Luiza Erundina, Magic Paula, a saudosa Hebe... o câmera “Eddie Murphy”, o contra-regra e “pai de santo” Tião... cheguei a colher um depoimento com o próprio Jô em seu camarim, para um trabalho escolar que fiz na época (e que trarei a vocês um dia, quando conseguir, enfim, transformar em DVD as centenas de fitas de vídeo que entulham meus armários).

Com Jô nos estúdios do Sumaré, em 1991
No novo século, desde sua volta para a Globo, não surgira ensejo para presenciar in loco a gravação de seu programa. E eis que acabei fazendo-o não na qualidade de espectador, mas de entrevistado. Logo após o talentoso e divertido Nando Cunha (o proverbial tough act to follow). Não há mais o que dizer, a não ser que assistam o vídeo, cujo link vai abaixo, mas admito que fiquei impressionado ao ver Jô falando sobre Jânio com tal admiração, já que tenho fresca na lembrança a apresentação de Viva o Gordo — que trazia montagens de Hans Donner fundindo o humorista em outras imagens, mostrando-o em cenas cômicas com celebridades do mundo inteiro — onde Jô fazia troça com o ex-presidente, trazendo-lhe uma bandeja com copos de whisky. Sinal dos tempos. Jô, seguramente, como tantos outros brasileiros, soube o que era o governo com Jânio, sem Jânio e com aqueles que tanto o atacavam, e que hoje ocupam o poder, servem ao poder e, sobretudo, se servem do poder.

Terça-feira, 4 de junho de 2013
O belo estúdio de Jô na Berrini

Antes de encerrar, duas curiosidades e dois esclarecimentos. Primeiro as curiosidades: Jô contou a história de sua desavença com Jânio e a troca de cartas que se seguiu, desembocando em uma chuva de pétalas de rosa de parte à parte. Fausto Silva tem uma história idêntica com o ex-presidente, que contarei em um dos volumes futuros. E o guitarrista Marcinho Eiras, que está substituindo o Tomate — recuperando-se de uma grave crise pulmonar — foi o grande animador do público, na espera antes do início da gravação. Sua rendição do tema do joguinho “Mario Bros”, utilizando suas guitarras como pianos (marca registrada do guitarrista, trazendo ecos de Stanley Jordan), foi muito divertida.

Linda foto tirada por Natália Negro no momento em que Jô exibia a célebre imagem de Jânio com os pés cruzados, que valeu a Erno Schneider, do JB, o prêmio Esso de jornalismo

Os esclarecimentos, àqueles que já me perguntaram, e àqueles que ainda têm a dúvida: quando cumprimentei Jô, naquela caminhada até nos sentarmos, agradeci a ele pela imitação de Jânio, ressaltando que até hoje, depois de 15 anos pesquisando o velho, infelizmente não aprendi a imitá-lo. E o que o Bira desejava dizer mas Jô não deixou é que o ritual do “lava-pau”, na Bahia, era referido como “lavar o cabo João”. Ouro puro. Memórias para todo o sempre. Agradeço à belíssima produção do Jô, de gentileza fidalga desde o motorista até o produtor-executivo. E também à Natalia e o Alexandre, indispensáveis, sem os quais o dia não teria sido tão delicioso.

Divirtam-se.
Bernardo Schmidt

Assista abaixo a entrevista de Bernardo Schmidt a Jô Soares:



Jô Soares entrevista Bernardo Schmidt sobre Jânio Quadros from Bernardo Schmidt on Vimeo.
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