quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Sobre Ontem (2)




















COITUS INTERRUPTUS

Não pude assistir ao vivo as sessões de ante-ontem e ontem no senado, mas aqui vão alguns comentários rápidos:

1 – O discurso de Dilma na véspera foi digno. Digno de quem o proferiu e de quem o elogiou. Ou seja, cretino e incoerente.

2 – Ainda não consegui decidir onde Renan é pior: na presidência do senado ou no meio dos senadores. Páreo duríssimo.

3 – Não sei como alguém consegue estar a favor de gente como Gleisi, Lindbergh e a bancada da chupeta. Juro que não sei. Com muito esforço, abnegação e boa vontade conseguimos entender os petistas, psolistas, mortadelas, criançada, oportunistas e burrinhos em geral que não largam o osso e apoiam Dilma e Lula de maneira teimosa e esquizofrênica. Freud explica. Sérgio Paulo Rouanet explica. Mas apoiar a bancada da chupeta, o “Rivo-Trio”, juro por Deus, a pessoa tem que ser muito imbecil. Nem na Câmara Municipal mais caipora deste país eu vi pessoas tão escrotas, em espetáculos tão ridículos, tão deprimentes.

Outro dia postei um video de Janaína Paschoal em seu último pronunciamento no senado, elogiando-a. Veio uma amiga petista e disse que sentiu vergonha, pelos políticos de ambos os lados. É minha diferença fundamental com petistas. Eles têm vergonha dos políticos em quem votaram e aqueles que os sustentam politicamente. Eu tenho ORGULHO de ser representado, nesse processo, por Hélio Bicudo e Janaína Paschoal. Mas é compreensível. Se eu fosse mortadela eu também teria vergonha de tudo. Sobretudo de ser mortadela.

4 - A propósito, lendo um artigo qualquer sobre a conjuntura atual, me caiu a ficha de que a geração nascida no primeiro lustro da década de 90 - coincidentemente a mais raivosamente lulopetista - saía da infância quando Lula foi eleito. A rigor, tem como única referência de presidentes do Brasil, Lula e Dilma. Que coisa terrível! Como filhos dedicados desses dois farsantes, os defendem mesmo sabendo que são culpados: "São uma merda, mas são meus pais. Não tenho outros". E no outro vértice temos os filhos rebeldes, revoltados e igualmente desnorteados, clamando por uma intervenção militar: "Foram péssimos pais. Merecem ser punidos". Crianças idealistas e fazendo política com o fígado. Nunca pagaram um aluguel. Se puxarmos o fio desse novelo macabro somos capazes de mapear o crescimento descontrolado e holístico da ignorância no Brasil nos últimos treze anos. É tarefa para quem tem estômago.

5 – Aprovar o impeachment e na seqüência votar por não cassar os direitos políticos de Dilma foi a brochada do século! Temos que admitir: Livrandowski, Renan e a patrulha petralha conseguiram apagar o fogo do Vesúvio quando a lava já começava a queimar os arredores. Me fez lembrar aqueles 47 do segundo tempo em que Aécio ficou na frente de Dilma alguns segundos, ela virou o placar e a votação foi encerrada. Você pensa que a desgraça vai acabar e ela recomeça! ... Agora teremos mais não sei quantos meses até o STF limpar a tonelada de bosta que Livrandowski e os senadores deixaram no plenário do senado.

A melhor analogia, para quem ainda não sacou a absoluta barbaridade de se “fatiar” uma votação que é indivisível, no artigo 52 da Constituição, seria pegar uma médica que precisava operar a úlcera de um paciente e ao invés disso ela amputou a perna do acompanhante, que estava ao lado; ela é despedida desse hospital mas o conselho de medicina não cassa sua licença médica e ela continua fazendo cagadas por aí, mesmo sendo uma ameaça para a população.

O acordo PT/PMDB para livrar Dilma da cassação prova que ao invés de Chico, quem deveria estar lá dormitando no mezanino, ao lado de Lula, era Tássia Camargo. A nefasta argumentação de que Dilma não seria nem "merendeira de escola" e não conseguiria se sustentar com os parcos 30 mil reais de sua aposentadoria, encontra bem mais eco no palanfrório descompensado e incoerente da esquecida atriz, do que nas letras do grande compositor.

6 - Joaquim Barbosa condenou com veemência o impeachment, que chama de um impeachment "tabajara". Como se fosse um fã do Restart, ele "xingou muito no twitter". Mas está em seu direito, sendo o brasileiro douto e honesto que é. Assim que fez suas declarações, a mortadelada se animou e saiu provocando para saber quem seria o coxinha a atirar a primeira pedra. Pra variar, medem coxinhas pela régua torta da mortadela. Porque para petistas e quejandos, fulano e beltrano só valem enquanto rezarem estritamente pela cartilha do lulopetismo. Qualquer deslize, qualquer possibilidade de pensarem com suas próprias cabeças, terem suas próprias opiniões, tornam-se golpistas e traidores. Haja vista o que está acontecendo ao bondoso Cristóvam Buarque, alvo mais recente da hidrofobia mortadélica.

NINGUÉM de bem vai atirar pedras em um brasileiro extraordinário como Joaquim Barbosa. Porque entre coxinhas de boa cepa não há ataques gratuitos, não há execrações públicas somente pelo fato de que Barbosa tem neste momento opinião diversa. É da democracia.

7 - Por falar em Cristóvam, sinceramente, eu desisto dele! Eu tento gostar dele, tento lembrar apenas de que se trata de um homem sério, com bons serviços prestados ao MEC, mas a cada passo para frente, ele dá dez para trás! Começou com Brizola, depois foi para o PT. Incomodado com a corrupção do partido, foi para o PDT. Incomodado com a corrupção do partido, foi para o PPS. Embora a posição do partido de Roberto Freire sobre a permanência de Dilma na presidência fosse clara e cristalina desde o primeiro momento, Buarque temeu a revolta de seu antigo eleitorado, que nunca perdoou sua saída do PT, e se manteve no muro até o fim, quando finalmente se decidiu pelo impeachment. E quando pensávamos que não haveria mais idas e voltas, ele se junta a reservas morais como Renan Calheiros, Jader Barbalho e Telmário Motta e vota pela manutenção dos direitos de Dilma!

Cristóvam conseguiu irritar todo mundo. Mortadelas não o perdoam por ter sido a favor do impeachment. Coxinhas não o perdoam por ter votado pela manutenção dos direitos. Não sei exatamente a quem ele agradou com sua decisão.

Marta Suplicy passou 20 anos no PT, se banqueteou na orgia petralha, fez vista grossa para o mensalão e o petrolão, apoiou Lula, Dilma, Netinho, Haddad e Padilha, e só pulou fora do barco quando a água já estava pelo pescoço. Como se não bastasse foi para o partido de Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Mas pelo menos saiu. Fala mal. Vota contra. Faz oposição. Cristóvam e Marina Silva saíram sem sair. Continuam petistas fora do PT. Não conseguem ficar contra. É maior do que eles. E maior do que a nossa paciência, também. Chega.

8 - Nos noticiários de hoje há fotos da sessão que teve a presença de Dilma, em que são mostradas rodinhas, nos intervalos, com ela, Aécio, Cardozo e Livrandowski rindo, em momentos de descontração. Foi o suficiente para choverem comentários do tipo "triste", "farinha do mesmo saco", "enquanto vocês brigam eles se divertem".

Mais uma retrato da ignorância política do brasileiro. Me faz lembrar um idiota que chamou Alckmin de adesista e puxa-saco porque andando com Dilma, certa vez, começou a chover e ele puxou um guarda-chuva para ela. Civilidade e urbanidade são proibidos. Ou seja, se Dilma e Aécio estão rindo e confraternizando como adultos, adversários mas não inimigos, são "farinha do mesmo saco". Se estivessem se estapeando e se olhando com ódio, seria o certo? Volto a Ulysses Guimarães: "Política não se faz com o fígado, porque não é função hepática". Cresçam, crianças.

9 - Ninguém lembrou de Getúlio e há um lamentável paralelismo: em 29 de outubro de 1945, Getúlio foi deposto depois de uma ditadura de 15 anos. Ao contrário do ínclito e imenso Washington Luís, que foi mandado a pontapés para um exílio de 17 anos com uma mão na frente e outra atrás, os idiotas que depuseram Getúlio sentiram peninha do velho e não lhe cassaram o direitos. Resultado: ele se elegeu senador nas eleições de 2 de dezembro (pouco mais de 30 dias depois de ter sido deposto), nunca compareceu às sessões e esperou, confortavelmente em sua cadeira de balanço, as eleições seguintes, na qual voltou à presidência. E se matou quatro anos depois. Se tivesse sido cassado, morria de velho em São Borja e poupava o Brasil dessa convulsão social.

Como diria Rambo no fim do primeiro filme, “Nothing is over”.

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