quarta-feira, 27 de abril de 2016

A Bela e a Bunduda

Meus caros,
a inversão de valores e a a política de dois pesos e duas medidas do PT e linhas auxiliares (PSOL, PCdoB etc.) já não me surpreendem mais. Desde a ascensão do lulopetismo, o costume foi de acusar, criticar e ridicularizar aos berros, e quando a merda vai pro ventilador em seu próprio quintal, o discurso muda, como por encanto, e aí "calma aê", "vamos discutir de forma equilibrada", "todo mundo é legal", "todo mundo deve fazer o que quiser", "isso é machismo", "isso é homofobia", "isso é sei lá o quê", "não vai ter golpe". Tudo se torna convenientemente "relativo", a discussão deixa de ser política para se tornar "social", e outras parlapatices sem qualquer profundidade, com o fito único de defender hoje aquilo que até ontem era julgado indefensável.

O caso mais recente é de uma matéria da Veja sobre a mulher de Michel Temer. Sem ter sequer entrevistado Marcela Temer, a jornalista que escreveu o artigo o intitulou de "Bela, recatada e 'do lar'". Nele, sabemos que Marcela tem idade para ser neta de Temer, é casada com ele há 13 anos, os dois têm um filho de 7 anos, ela - segundo a jornalista - "aparece pouco, gosta de vestidos na altura dos joelhos e sonha em ter mais um filho com o vice".

A semana seguinte foi de uma avalanche de memes zombando da mulher de Temer por conta do título da reportagem. Alguns engraçados, outros nem tanto. Mulheres usaram o Face e o Twitter e publicaram fotos na balada, enchendo a cara, na praia, fazendo as mais variadas coisas, e sempre com o texto "Bela, recatada e do lar". Luciana Genro publicou uma foto cercada de policiais (momento em que a filha do governador provavelmente salvava o Brasil da invasão imperialista), tudo no afã de mostrar o quanto é ridículo Marcela ser aquilo que nunca disse que era: "bela, recatada e do lar". E mesmo que tivesse dito, estou até agora tentando processar na minha cabeça o que há de errado com ela ser "bela, recatada e do lar".

Ante-ontem a Internet foi invadida por fotos da Milena Santos, esposa do ministro do Turismo, Alessandro Teixeira. Ex-Miss Bumbum, conhecida por agarrar e beijar Lula em uma manifestação qualquer, por tirar fotos de fio dental em frente ao congresso e pelos 323 votos que obteve em sua última tentativa de se eleger vereadora, Milena achou por bem comemorar a investidura do marido tirando fotos de gosto questionável dentro do gabinete do dito cujo, e postá-las no Face. O texto, de sua própria lavra: "Não é atoa (sic) que ao lado de um grande Homem, existe sempre uma linda e poderosa mulher". Ato contínuo, as fotos viralizaram, como mais um exemplo, entre dezenas, da decadência moral e do processo de liquidação do governo Dilma.

O ministério lançou nota onde "repudiou a exposição da intimidade do casal", o que espero ter sido um pito do ministro na mulher, porque até onde sei, ninguém invadiu o celular da moça para roubar as fotos e fazer um post público na maior rede social do mundo. Diante da repercussão Milena apagou a postagem se dizendo “indignada com a falta de ética e respeito das pessoas”, o que dispensa comentários.

Já a reação das lulopetistas, feministas e quejandos foi: "calma aê", "vamos discutir de forma equilibrada", "todo mundo é legal", "todo mundo deve fazer o que quiser", "isso é machismo", "isso é homofobia", "isso é sei lá o quê", "não vai ter golpe".

A zombaria e o sarro com Marcela Temer pararam misteriosamente e de ontem pra hoje o que se vê são postagens hilárias de meninas lulopetistas explicando que "nem uma nem outra", "o problema não é esse", "as duas devem ser respeitadas", "a mulher deve fazer o que quiser", "a Dilma foi chamada de vagabunda" e daí pra baixo na escala dos sofismas, das desculpas esfarrapadas, do cabresto ideológico e da mais rematada cretinice. Ou seja, ao invés de transcender seu lulopetismo por um segundo, lembrar que são feministas em primeiro lugar, lembrar da compostura inerente a um cargo público e condenar com a máxima veemência o showzinho da esposa do ministro, que reforça para o mundo uma já conhecida imagem do que é a mulher brasileira, vão a esse paroxismo de cinismo e hipocrisia.

Onde está essa patrulha quando o Lula disse que Pelotas é uma cidade "exportadora de viados"? Onde, quando o Lula fala das mulheres de "grelo duro"? Onde, quando ele disse o que disse de sua própria secretária, Clara Ant? Mais do que isso: e se fosse a esposa de Bolsonaro tirando fotinhos sensuais no gabinete dele? E se fosse Letícia Weber, outro exemplo, aliás, de bela, recatada e do lar? Estaríamos vendo passeatas na Paulista! Feminazis cagando sobre as fotos deles. Maria do Rosário, Luciana Genro e Jandirão queimando suas roupas em praça pública. Mas como se trata de um ministro do governo lulopetista, "calma aê", "vamos discutir de forma equilibrada", "todo mundo é legal", etc...

Exigem respeito mas tratam o feminismo por prisma ideológico...

Hipócritas.

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