domingo, 15 de março de 2015

Jânio, Glauco e Santiago

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Meus caros,
que 99% da imprensa escrita estava contra Jânio na eleição de 1985, não é segredo para ninguém. Como também é bastante óbvio que a vitória do ex-presidente pegou essa mesma imprensa de surpresa. A reportagem tosca da Folha de S. Paulo no dia seguinte ao pleito, ou a reportagem em preto e branco da Veja, dois dos veículos impressos mais ardorosamente contrários a Jânio, são exemplos eloqüentes.

Em se tratando de jornais, os chargistas geralmente acompanhavam a opção dos editores. No caso da Folha, é interessante ver a evolução das charges do extinto Glauco Villas Boas (1957/2010) sobre a eleição. Faltando um mês para a votação, o chargista ainda trata Jânio como uma piada e como carta fora do baralho:

Folha de S. Paulo, 20/10/1985




















Dez dias antes do pleito, entretanto, espalha-se pela cidade uma sensação de que os números do Ibope e do Gallup - que davam vitória folgada a Fernando Henrique - poderiam estar sendo, digamos assim, "manipulados". A charge de Glauco pega ainda mais pesado com Jânio, mas agora o riso é mais de nervosismo do que de zombaria:

Folha de S. Paulo, 5/11/1985






































Vitorioso Jânio, Glauco continua ridicularizando-o, mas modera o tom da charge:

Folha de S. Paulo, 18/11/1985











































Bem mais violento que Glauco é o cartunista Santiago (Neltair Abreu, 1950). Suas charges vêm depois de consumada a eleição de Jânio e destilam ódio. Neste primeira, publicada no Jornal do Crea, ele utiliza a passagem do cometa Halley, no ano seguinte, para incluir o ex-presidente na lista de desgraças que supostamente acompanharia o evento celestial:

Jornal do Crea, 11/1985























A segunda charge de Santiago é de dezembro. Traz um Jânio bêbado, desalinhado, trançando os pés como na famosa foto de Erno Shneider, e já com o novo visual baseado em Lincoln, que adotou por certo tempo logo após sua vitória. Uma pérola de maldade, mostra que longe de se conformar com a vitória de Jânio, o cartunista preparava as armas para atacá-lo durante todo seu mandato. E não foi o único. A imprensa toda seguiu-lhe o exemplo.

Jornal de Brasília, 12/1985
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Bernardo Schmidt
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