quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Entrevista ao REPENSAR — 13/10/2014


Meus caros,
há poucos meses dei uma entrevista ao programa REPENSAR, da TV Mundo Maior. Já havia assistido algumas entrevistas pelo site da emissora e fiquei prazerosamente impressionado com a maneira como as conversas são conduzidas pela apresentadora, Maria Izilda da Silva Netto. O programa tem uma temática espírita (bem como a emissora, que pertence à Fundação André Luiz), mas o assunto não é tratado de forma panfletária, e sim com o objetivo de ensinar, edificar e esclarecer. Foi justamente isso que mais me estimulou nessa prosa: a possibilidade, que não tivera até este momento, de conversar sobre Jânio deixando um pouco a esfera política e histórica, propriamente, para esmiuçar o ser humano, o cenário em que ele viveu e as implicações de sua existência no universo político brasileiro. Temas como a ciclicidade da história, da reencarnação de idéias, da integração entre política e religião trazem um toque metafísico, interessante e quase nunca divulgado, que só vem acrescentar à discussão. 

Sobre a TV Mundo Maior: "A TV Mundo Maior é uma emissora da FEAL – Fundação Espírita André Luiz. Fundada em 2006, nasceu com a proposta de levar a importante mensagem dos Espíritos para todos, através da TV do terceiro milênio. Desde a sua estreia, a emissora vem aprimorando seus programas e hoje transmite para todo o país 24 horas diárias de programação através de TV via satélite (BrasilSat C2), TV aberta e TV paga em várias cidades no Brasil, além disso no site www.tvmundomaior.com.br é possível acompanhar toda a programação da emissora On-Line e Off-Line.
* Para saber como assistir à TV Mundo Maior, consulte: http://tvmundomaior.com.br/como-assistir/"

Com a apresentadora Maria Izilda da Silva Netto

Na verdade tive, com Maria Izilda, duas conversas: aquela que foi gravada e está dividida em três blocos, e um excelente bate-bola que veio antes, na preparação, quando já ficou claro que nossa troca de idéias tinha material para muitos programas. A apresentadora - jornalista e radialista - é inteligente, articulada, me deu deixas ótimas para desenvolver tópicos que raramente tenho a oportunidade de abordar. 

Eis a chamada para o programa, que foi originalmente ao ar no dia 3 de novembro do ano passado: "Gravamos mais um Repensar! Você gosta de história? Conversamos com Bernardo Schmidt sobre um personagem que se destacou na história do Brasil: Jânio da Silva Quadros. "Jânio - Vida e Morte do Homem da Renúncia" é o primeiro livro de uma série que conta a vida e a trajetória desse que foi um político fascinante e que dividiu opiniões. O Repensar vai ao ar toda terça-feira às 19:30h pela TV Mundo Maior - www.tvmundomaior.com.br"

Abaixo está a entrevista completa, dividida em três blocos, cada um deles com uma resenha explicativa dos assuntos tratados:

1ª Parte

A dificuldade de acesso à História do Brasil — A ciclicidade da História — O porquê de biografar Jânio — Descobrindo Jânio — Conhecerás a verdade e ela te libertará — O fascínio e a dimensão humana depois do estudo do assunto — Todos os matizes da personalidade — Análises e pré-julgamentos — Predestinação, missão e processo evolutivo

 
2ª Parte

Redimensionando a biografia de Jânio — Não deixando para o leigo o trabalho do historiador — A influência de Hélio Silva e o Ciclo de Vargas — O que é palatável para o leigo — Eventos importantes na História do Brasil e de Jânio — Detalhes importantes que passam ao largo — Ciclicidade e reencarnação de conceitos — 29, 59 e 2014 — A repetição até que possamos aprender



3ª Parte

A renúncia do bem pessoal pelo bem da coletividade — O ideário político pelo sofrimento — Pai médico, colecionador de diplomas, pobre — Ideário socialista — A ciência deixará de ser manca, e a religião deixará de ser cega — O Integralismo e o viés de fanatismo — Compreensão racional e entrosada — Uma política mais fraterna, mais igual, mais libertadora — Jânio, Ecologia e o amor pelos animais — O destino de glória



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Jânio - Vida e Morte do Homem da Renúncia
Vol I: "Um Moço Bem Velhinho"
de Bernardo Schmidt
Editora O Patativa - 350 pgs ilustradas
R$ 30,00 (Frete incluso para todo o Brasil)

Compre através do e-mail editora.opatativa@gmail.com
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Chico de Assis: "Ninguém morre na Classe Teatral"

,




Fotos de Roberto Setton (Arena 50 Anos, 2004)

sábado, 3 de janeiro de 2015

Minestrone Cultural II



















THE OLD WOMAN, no Sesc

Como não viciar no SESC Pinheiros, se eles têm uma das melhores programações de São Paulo?? Ontem foi dia de Bob Wilson, Mikhail Baryshnikov e Willem Dafoe, três artistas que separados já são fantásticos, e juntos, portanto, são o supra-sumo da arte cênica. A peça foi um espetáculo de som e imagem sobre o qual falarei mais em breve. No Teatro Paulo Autran, pouco antes de assistir a peça, vejo a homenagem de Elifas Andreato, a partir da foto promocional do Lear de Paulo (no detalhe). Primeira vez que estive nesse teatro, que leva o nome de nosso maior ator de todos os tempos. Momento de recordar o saudoso Paulo Autran. (27/07/2014)



O OTELO DE VITTORIO GASSMAN

"Forse l'avrei perduta... perché sono NERO"...

Difícil não rir assistindo o Othello de Vittorio Gassman, feito para a RAI em 1957. Embora seja prazeroso ver "O Mouro de Veneza" encenado e falado no idioma do país de onde vêm 90% dos personagens, Gassman é o mais greco-romano dos negros que já vi na minha vida. É o africano de nariz mais afilado e boca mais fina do mundo. Ao contrário de Olivier, cuja maquiagem é uma obra-prima de disfarce e transformação, Gassman é apenas um italiano maquiado.


Soube há pouco que - a exemplo de todo grande ator - ele voltou ao personagem 25 anos depois, no teatro. Foi consertar na maturidade aquilo que jogou ao vento rápido demais na temerária e impetuosa juventude. (22/07/2014)

WHITE NIGHTS

Isabella Rosselini
Ainda sob o efeito da alegria intensa de ter visto Baryshnikov ao vivo e a cores, assistimos este fim de semana "White Nights" (no Brasil "O Sol da Meia-Noite"), único filme pelo qual o mestre bailarino é lembrado. E que delícia rever tudo isso! Que saudade de Gregory Hines, tão talentoso, tão fantástico e morto tão cedo... Helen Mirren linda e brilhante como sempre, as coreografias de Twyla Tharp, a cena antológica da dança ao som gutural e trágico de Visotsky... Que belo filme. E a cena final, na minha opinião uma das melhores da história do cinema: o close no rosto maravilhoso, emocionado e emocionante de Isabella Rosselini. Serei o único que prefere a filha à mãe? (11/08/2014)

CAVALOS CAPRICHOSOS

Voltando a respirar depois das desgraças desta semana, trago mais uma impressão de rever WHITE NIGHTS, com Baryshnikov, Gregory Hines, Helen Mirren e Isabella Rosselini. Trata-se de um dos momentos mais memoráveis filme, quando Baryshnikov grita, chora e dá vazão a todo o seu desespero por liberdade através da dança, para sua ex-namorada, Helen Mirren, ao som de Кони привередливые, Koni priveredlivye ("Cavalos Caprichosos", em tradução livre), do grande Высоцкий Владимир, Vladimir Vysotsky, figura belíssima e controvertida das artes russas, persona non grata do governo ditatorial soviético, e que morreu cinco anos antes do filme ser feito.




Até eu, que não sou em absoluto um conhecedor de dança, em qualquer nível, fiquei maravilhado com a cena. Gênios, todos. (14/08/2014)

JOAN

Que ano terrível!... Agora Joan Rivers... ela é como a Aracy de Almeida, que a maioria nem sabe que foi cantora. Hoje todos só pensam em Joan como apresentadora de um programa de moda em um canal a cabo, cercada de medíocres. Mas ela foi uma grande comediante, lá em cima, no mesmo nível de Carol Burnett e Phyllis Diller.

Era engraçadíssima. Rápida, inteligente, ácida, cruel. Com todos e consigo mesma. Suas routines eram arrasadoras. Não havia quem a vencesse numa discussão. Tão divertido vê-la com Carson, seu maior amigo e incentivador, e depois seu pior e mais ressentido inimigo.

Triste vê-la partir. Pouco depois de Robin Williams... que morreu pouco depois de Jonathan Winters... referências tão fortes de minhas primeiras idas aos Estados Unidos... que pena.

Descanse em paz, ou, como já foi dito com muito acerto, ROAST in peace! (04/09/2014)


Joan no programa de Carson, em 1986


BIBI SINATRA




















É axiomático: talento superlativo e humildade sincera andam juntos. Bibi, depois de 73 anos de carreira, achou por bem testar seu novo espetáculo, no qual canta músicas do repertório de Frank Sinatra, e o fez através de um ensaio aberto. Não precisava. O espetáculo está lindo! Falarei mais dele quando assisti-lo pronto.

A estréia é HOJE, 19 de setembro.

NÃO PERCAM! (19/09/2014)


ORKUT (2004/2014)

Amanhã o ORKUT será deletado. Estou de coração partido. Não o freqüento mais há anos, ele está decadente e esquisito, mas como esquecer toda a diversão que tivemos lá? Como esquecer o terremoto que o orkut provocou na até então incipiente Internet?
















Penso no fechamento do orkut como a falência de uma loja, de uma galeria, de um shopping, de uma boate; aquele lugar que foi o top do top, onde passamos horas e horas de nossa vida e hoje passamos e ele está sempre vazio, os vendedores ali esperando, o lugar é um brinco, mas o público simplesmente não vai mais. Aí um dia ele fecha e sentimos aquela tristeza imensa. Não freqüentávamos mais o local, mas ninguém queria que ele sumisse, porque estava impregnado de milhões de memórias, milhões de gargalhadas, milhões de namoros, de brigas, de discussões, de tertúlias, de amizade, de fotos, de intimidade.

Vou escrever um texto sobre o orkut em breve. Durante um tempo tive mais de 30 comunidades. Praticamente todas de teatro. Participava de todas. Escrevia em todas. Trocas de idéias, informações, cultura, tudo. Vou ter muita saudade. Já tenho.(29/09/2014)

Nos primórdios, ainda em 2004... na minha limitada lista de amigos, Bruna, Fabio, outras pessoas, algumas que nem lembro mais, outras conhecidas da época, e o bom Moisés Miastkwosky, que fez a sacanagem de nos deixar há poucos meses. Que saudade de tudo isso. E que pena que Macluhan não viveu para ver que a Internet tornou concreto e plausível, mais do que nunca, o seu conceito de "aldeia global". Eu na época trabalhava num centro empresarial em que me sentia sozinho no meio de quatro mil pessoas. Estar no orkut, entretanto, era estar com três milhões de conhecidos. Brasileiros, iranianos, argentinos, paquistaneses. Negros, brancos, amarelos, vermelhos, azuis.



O Orkut era uma cidade do interior anabolizada. Todo mundo se conhecia, de um jeito ou de outro. As portas estavam abertas, os álbuns fotográficos tinham doze fotos que podiam ser visualizadas (e roubadas) por qualquer um, as comunidades não tinham tranca, o scrapbook era aberto para escrever e para bisbilhotar, os textos não tinham censura, os compartilhamentos rolavam soltos, aos milhares. A única forma, desastrada e anárquica de justiça estava em uma tal "cadeia" em que ficávamos por algumas horas - e às vezes por alguns dias - por postar excessivamente.

Vou escrever sobre o Orkut em breve, já prometi. Ontem fiz uma pequena varredura no que restava dele, crendo que hoje seria seu último dia. Estava errado. Ele foi fechado de madrugada. O que ficou foi um índice de comunidades que leva dias para se consultar. Há que deixar o orkut descansar em paz, como disse minha amiga Mariana. (30/09/2014)

MAIORIDADE E "TERRA DE NINGUÉM"



















Na foto vemos 21 anos acompanhando a carreira desse extraordinário ator que é Luis Melo. Em 1993, depois da esfrega emocional e física que era interpretar Joaquim, na "Vereda da Salvação" de Jorge Andrade, direção de Antunes. E em 2014, há uma semana, finda a jornada por entre - nas palavras do diretor Roberto Alvim - "os signos complexos e fantasmagóricos" de Harold Pinter em "Terra de Ninguém".

Brilhante em tudo que faz. De Shakespeare a Nelson Rodrigues, de Tchekhov a Tolstoi, até cantando "Recuerdos de Ypacaraí" em drag, rs. Que privilégio poder assistir Melo em todos os seus trabalhos. Obrigado, mestre! (04/11/2014)















Feliz reencontro com o sempre excelente Edwin Luisi, um dos atores preferidos do saudoso Flávio Rangel. Em 1994 no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro, depois da belíssima encenação de "Meus Prezados Canalhas", de João Uchôa Cavalcanti, direção de Gracindo Jr., verdadeiro tour de force com craques como Othon Bastos, Rogério Fróes e Débora Duarte. E no dia 26 de outubro deste ano, na última apresentação de "Terra de Ninguém", de Harold Pinter, direção de Roberto Alvim.

Que prazer reencontrar Edwin. Agora aguardo a temporada paulista de seu premiado monólogo "Eu sou minha própria mulher", de Doug Wright, direção de Herson Capri e Susana Garcia. (06/11/2014)

THE INTERVIEW

Acabo de assistir o filme de Seth Rogen que causou tanta celeuma, recentemente. A história é simples: O apresentador de um programa sensacionalista (James Franco) e seu diretor frustrado que deseja fazer um programa sério (Seth Rogen) decidem tentar uma entrevista com o ditador da Coréia do Norte, Kim Jung Un, quando descobrem que ele é fã do programa deles. A CIA entra na negociação e pretende usá-los num plano para assassinar o ditador. Só que chegando lá, Franco se afeiçoa ao ditador, que é baladeiro, fã de Katy Perry e de margueritas, enquanto Rogen se apaixona pela assessora de Kim.

Existe o elemento interessante de se ridicularizar abertamente um ditador que está no poder, havendo a possibilidade de uma retaliação (circunstância que me remeteu a Chaplin e Hitler, no magnífico Great Dictator), mas The Interview não passa de uma comédia divertida. Enquanto o filme de Chaplin vai do pastelão ao humor mais requintado, com um roteiro genial, performances modelares, esbanjando cenas antológicas e trazendo no bojo uma mensagem pacifista densa e profunda, o filme de Rogen é apenas um besteirol engenhoso, acima da média, com alguns bons momentos. Longe, porém, muito longe de justificar essa grita toda.

Recomendo. Assiste-se com prazer. (27/12/2014)

ANDY WILLIAMS E TOM JOBIM

Caymmi, Williams e Jobim
Andy Williams (1927/2012) foi um dos maiores cantores norte-americanos da segunda metade do século XX. Estava lá, pau a pau, com Sinatra, Tony Bennet, Sammy Davis Jr., Eddie Fischer e Perry Cuomo. Deu vida à antológica "Moon River" de Mancini. E, entre outras coisas, apresentou seu próprio programa de variedades na TV, de 1962 a 1971.

Muito antes de 1967, quando participou com Ella Fitzgerald do programa de Frank Sinatra, Tom Jobim já aparecera quatro vezes em programas de Andy Williams. Em 64 e 65. São programas divertidos e descontraídos, e Dorival Caymmi chegou a dividir o palco com ambos, em uma dessas ocasiões. Enquanto Sinatra apresentava o "A Man and his Music" de smoking, Williams vestia um suéter, sentava-se tete-a-tete com seu convidado e conversava sem cerimônia. No caso de Jobim e Williams, a intimidade vinha do fato de que os dois chegaram a se apresentar juntos em uma temporada em Lake Tahoe, na época.

Na cena a seguir veremos os dois cantando "Garota de Ipanema" em março de 1965.


Como sou um adorador de Sinatra desde os dez anos, minha opinião é a mais sincera possível: prefiro esta versão do que aquela de 1967, famosa, com Tom e Frank.

Divirtam-se. E que estes dois mestres tragam bons augúrios ao ano que entra. (03/01/2015)

CHICO DE ASSIS




Puta que pariu...

Chico... teria sido egoísta pedir para você ficar só mais um pouco conosco? Mais 5, 10 anos?

Em você, o que mais me marcou não foi a dramaturgia, não foram as direções ou os cursos. Foi tua inteligência atilada, aguda, brilhante. Precisamos tanto dela. Sobretudo neste momento de nulidades absolutas no governo, na arte, na cultura, em toda parte.

O Arena foi realmente a junção de tudo o que se produziu de melhor no teatro brasileiro. José Renato era o administrador. Boal era o cérebro. Guarnieri era o coração. E você era o amálgama dos três. Era todos eles.

E agora só temos o teatro para lembrar de vocês.

Que merda, Chico...

Obrigado por tudo, mestre amado! (03/01/2015)

DANIELA

Vez por outra me pego lembrando dela... tão jovem, tão apaixonante, tão linda. Tornei-me fã incondicional a partir de O Dono do Mundo. Soube de sua morte em Ubatuba, onde passei o reveillon de 92. Foi grande a tristeza.

Hoje seu assassino está livre, gordo e saudável, dando entrevistas.

Que país maldito...











































(26/01/2015)

INEZITA


























Em novembro passado reservei lugar para assistir o Viola, Minha Viola ao vivo. Queria dar um beijo em Inezita e mostrar-lhe seu autógrafo de 1963 no violão do meu pai. Quando a produção me alertou que ela entrava e saía sem contato com o público, desanimei. Mas segui assistindo seu delicioso programa pela televisão, como faço há 30 anos.

Com sua partida, a TV perde seu programa mais tradicional, mais doce e mais brasileiro. E nós perdemos o prazer aconchegante, familiar e caseiro de ter essa mulher adorável, talentosa e elegante em nossas vidas toda semana.

Obrigado, Inezita. Por tudo. (10/03/2015)

"GENTE DE TEATRO", por Oscar Arruda

Deliciosa definição de toda uma geração de atores e atrizes, exatamente como foi publicado na revista "O Malho", de 15/3/1934.



(05/04/2015)

O "HAMLETO", DE JOÃO CAETANO

Que divertidíssimo pastiche de Shakespeare terá o grande João Caetano apresentado com o nome de "Hamleto", em agosto de 1850? Provavelmente uma reprise do que já apresentara desde 1835, ou seja, a tenebrosa versão francesa de Ducis, traduzida por Oliveira Silva. Pouco seria dizer que era uma pálida imitação do original, só conhecido no Brasil a partir de 1871, pela interpretação magistral do italiano Ernesto Rossi.

A título de curiosidade, além de sua esposa Estella Sezefreda, estava com ele nessa companhia o ator Martinho Vasques, irmão do mais tarde célebre Francisco Vasques.



(19/04/2015)

OSCAR 2015

Pequena seleção de textos sobre filmes indicados, escrita entre março e abril de 2015


Boyhood Assisti, finalmente. O título é auto-explicativo: trata-se da odisséia infanto-juvenil de um menino americano, com a diferença de que o filme foi sendo feito ao longo de doze anos, o que mostra o crescimento real do garoto.

Ethaan Hawke e Ellar Coltrane
na premiere do filme
Gostei muito. Não imaginei que fosse possível retirar alguma coisa de tema tão genérico e manjado, mas o cineasta Richard Linklater deu uma aula de simplicidade e competência. Soube manejar os clichês de forma tão enxuta e objetiva que conseguiu tornar interessantes os problemas do garoto, basicamente os mesmos enfrentados por qualquer moleque dessa idade. E o que é mais louvável: sem apelar uma única vez.

Elenco acima da média (o garoto e sua irmã são bons) com destaque para Ethan Hawke, que melhora notavelmente com a idade, e Patricia Arquette, brilhante.

Faria uma ressalva que não chega a ser um defeito; o filme tem duas horas e quarenta e cinco minutos. Eu provavelmente cortaria uma meia hora. Não que o filme se torne maçante - pelo contrário, é um pé de vento - mas duas horas seriam suficientes. Seja como for, assiste-se com o máximo prazer. Recomendo.

J. K. Simmons
Whiplash - Acabo de ver. Gostei da análise que minha amiga Mary fez desse filme, denominado-o um "Karatê Kid em que o Sr. Miagy é malvado". Mas não foi tanto o Karatê Kid que me veio à lembrança com este filme, e sim Shine, sobre David Helfgot, o pianista que perdeu o juízo com o excesso e a severidade de seu treinamento.

O filme trata de Andrew, estudante de bateria em um prestigioso conservatório, e sua relação com o draconiano maestro Fletcher.

Em 90% graças à maravilhosa performance de J. K. Simmons - um ator versátil, eclético, que admiro e que há anos venho torcendo para que receba um papel à altura de seu talento - gostei. O bullying de seu personagem tem método e razão de ser, certa ou errada, e foge do estereótipo do diretor meramente carrasco.

Os interlúdios musicais são meio compridos mas não poderia ser de outra forma em um filme sobre música e músicos.

Recomendo.

Clint e Bradley Cooper
American Snipper - Assisti sem saber quem era Chris Kyle, sem ter feito qualquer busca na internet e só sabendo que existe polêmica envolvendo o personagem (real) e o filme. Vou logo dizendo: gostei bastante. Trata-se da vida do atirador de elite Chris Kyle, apelidado "a lenda" por ter matado mais de 160 pessoas no Iraque. A polêmica vem do fato de que ele é tratado como herói por alguns e como um assassino serial por outros; o filme pende para a simpatia. Deixo o julgamento para o espectador. A mim cabe dizer que é o melhor filme de Clint que assisto em mais de uma década. Million Dollar Baby e Changelling achei apelativos; Flags of our fathers e Letters from Iwo Jima, chatíssimos; Invictus e Gran Torino, bobos e dispensáveis; J. Edgar, um triste desperdício do personagem, e não tive saco de ver Hereafter ou Jersey Boys.

Com American Sniper Clint mostra que está em plena forma e é capaz de fazer um ótimo filme de guerra. Suspense de primeira linha. O elenco está ok. Bradley Cooper é bom mas acho a indicação ao oscar um exagero. Sienna Miller é boa e sem sal como sempre e o resto do elenco de apoio convence. Recomendo.


Krisen Stewart e Julianne Moore
Still Alice - Uma celebrada intelectual atingida por uma forma raríssima de Alzheimer precoce aos 50 anos.

O filme faz uma opção (correta, de certa forma) de se manter às margens do inferno da doença. Ganha por não ser apelativo. Perde por ser edulcorado. Mas Julianne Moore está perfeita como sempre. Seu ano chegou. O oscar é dela.

Birdman & The Imitation Game - Assisti ambos, um atrás do outro, porque já juntavam poeira no meu HD. Birdman era mais ou menos o que eu esperava. A trama não é exatamente um mistério. Diria até que a premissa é meio manjada e que o filme se arrasta um pouco, mas a qualidade de elenco e roteiro é tão excepcional que vale a experiência. É o papel da vida de Michael Keaton, embora seja doloroso vê-lo velho e enrugado. Edward Norton e Naomi Watts estão bem e Emma Stone está ótima. Quem me deixou boquiaberto, porém, foi Lindsay Duncan, a perversa crítica teatral. Suas poucas cenas são estupendas, assim como é tristemente verdadeira sua verrina sobre a dicotomia ator/celebridade. Curioso que o Rotten Tomatoes o classifique como "comédia", já que é um drama do início ao fim. Suponho que a presença de Zach Galifianakis devesse ser o elemento cômico, mas a verdade é que ele está mais perdido que cachorro em mudança.


The Imitation Game é diversão garantida. Drama dinâmico e empolgante, com direito a surpresas e reviravoltas. Com um detalhe considerável: a história é real. Alan Turing existiu e minha geração só não aprendeu sobre ele na escola porque o homossexualismo era crime na Inglaterra até 1967 e ele foi convenientemente varrido para debaixo do tapete. Ao contrário de Birdman, o que vale aqui é a vida do protagonista e só se sobressai, de fato, a performance de Benedict Cumberbatch. Keira Knightley está apagada e seu papel poderia ter sido interpretado por qualquer atriz inglesa. Recomendo, embora tenha a sensação de que um diretor mais tarimbado teria feito algo bem melhor e mais profundo, da odisséia de Turing. 
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