sábado, 23 de junho de 2012

Lulinha, Lulinha... Que vexame!


Reportagem da Veja

Não fiquei tão chocado quando vi Lula e Maluf se cumprimentando e se abraçando, porque nos últimos dez anos me acostumei às incoerências criminosas e ao fisiologismo crônico de Lula e do PT. Também não entendo essa revolta toda dos petistas. Por que isso agora? Eu vi a maneira que Lula e o PT se referiam a Sarney quando ele era presidente. Onde estava a revolta dos petistas quando Lula defendeu Sarney (tão corrupto ou mais do que Maluf) com unhas e dentes diante de uma verdadeira catarata de denúncias de corrupção? Também vi o afinco e a dedicação com que Lula e o PT se dedicaram a apear Fernando Collor do Planalto. Onde estava a revolta do PT quando Collor se candidatou a governador por uma coligação que dava apoio a Dilma em Alagoas? E a revolta do PT diante de Renan Calheiros? E a revolta dos petistas em relação a mensaleiros e quadrilheiros como Dirceu e Delúbio?

Se for politicamente lucrativo, Lula e o PT beijam hoje o rosto em que cuspiram ontem. Canonizam quem foi demonizado por eles mesmos. Rezam pela cartilha de que o passado deve ser esquecido. Assim como o bom Raulzito, querem ser uma metamorfose ambulante, e “dizer agora o oposto do que disseram antes”. Muito conveniente. Lula tem hoje 67 anos e os erros que comete não são mais fruto de sua perene ignorância ou do radicalismo de outras épocas, e sim de uma ambição sórdida e desprezível pelo poder. Hoje é uma questão de caráter. Ou da falta dele.




Pensei que o sofrimento melhoraria o ex-sindicalista. Julguei que o câncer seria um divisor de águas para Lula. Aquele momento em que ele, afeito apenas à adoração e à idolatria do povo, se daria conta de que é mortal e de que tanto o poder quanto o dinheiro não compram saúde, e que a glória dos políticos é vazia e transitória. Fui ingênuo.

Sobre a atitude de Luiza Erundina, concordo e a parabenizo. Mas sem santificá-la, como já querem alguns. Foi uma prefeita despreparada e vingativa, e devem-se à mediocridade e à ineficiência de sua administração a derrota de Plínio em 90 e a vitória de Maluf em 92. Merece permanecer no Congresso.

Isso nos traz à seguinte questão: até quando os petistas vão encontrar desculpas para as trampolinagens de Lula e do PT? Até quando serão acusados de "tucanos" e de "golpistas" aqueles que se limitarem a apontar os desmandos dessa turma? Há desculpa para tudo; mensalão, mensaleiros, dólares na cueca, Sarney, Renan, Dirceu, Delúbio, Genoíno, e assim por diante. De ontem para hoje já vi até petista indignada com o Maluf, por ele estar se aliando ao Lula, como se devêssemos condenar o bandido por tentar se aliar ao delegado, e não vice-versa. Se o assunto é mensalão, falam da reeleição de FHC; se o assunto é Dirceu, falam de Sérgio Motta. O PT não é mais paradigma de honestidade, e sim do “se eles podem, nós também podemos”. Que lixo...

"Thou shouldst not have been old till thou hadst been wise"... (King Lear, I, V)
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Esse texto foi originalmente publicado no Facebook, e quatro anos depois ele apareceu como lembrança em minha linha do tempo. Escrevi o seguinte comentário:

"NÃO VOS ESQUEÇAIS"...

Interessantíssimo ler este texto que escrevi há quatro anos, quando Lula foi lamber as botas de Maluf a fim de conseguir eleger essa nulidade que hoje está na prefeitura. O episódio marcou - creio eu - o fim definitivo de qualquer esperança de redenção do Partido dos Trabalhadores, depois do mensalão. Pelo contrário. Foi uma demonstração de que o partido resolvera mergulhar de cabeça, sem rodeios, no fisiologismo e na mais abjeta política de conchavos que condenara desde sempre. Vê-se que já naquela época os petistas usavam e abusavam de epítetos ridículos como "golpistas" para definir qualquer tipo de oposição. Poderia dizer que é um texto clarividente, mas na verdade o PT se tornou previsível após o mensalão.

Com Lula, 1993
Conheci Lula pessoalmente em 1993 na gravação do programa "Vamos Sair da Crise", apresentado na Gazeta pelo jornalista Alexandre Machado. Eu tinha 21 anos e embora nunca tivesse votado nele ou no PT, desejava conhecê-lo, assim como conheci no mesmo período, ou um pouco antes, FHC, Montoro, Plínio, Mário Covas, Erundina, Fleury e todos os políticos proeminentes da redemocratização. Lula contava, em seu currículo, apenas com uma candidatura frustrada ao governo em 82, o mandato medíocre na constituinte de 88 e a célebre campanha presidencial de 89. Ainda mantinha sua mística de "candidato operário" e no trato pessoal era simpático e afável. Nem sombra do falastrão corrupto e inescrupuloso em que se transformou.

Leiam. (23/06/2016)
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